Os Livros da Magia I
A chama vermelha bruxelante no muro da caverna
(Pintada de ocre, corante, carvão vegetal)
Fazendo o grande alce se mover,
Fazendo o mastodonte respirar,
Fazendo o caçador correr e matar.
Veja como procuram apaziguar e entender o mundo acima
Isto eles sabem:
Isto eles entendem:
Há escuridão por toda parte, lá fora.
O escuro está em toda parte, e embora o sol se levante,
E embora o fogo brote e seja domesticado,
A escuridão está ali.
A escuridão está à espera.
E as coisas na escuridão,
Que sussurram antes de festejar,
Devem ser aplacadas e persuadidas,
Devem ser amadas e pedem sacrifícios,
Devem ser alvo de súplica e desconfiança.
E assim existe a magia.
Um museu de fantasmas.
A ascensão de impérios, efemérides que lampejam e se vão.
No delta do Nilo as areias sussurram
Sobre deuses com faces animais,
Escaravelhos azul-cobalto,
Mulheres de sombras esguias
Caminhando como grandes leões pelas dunas.
Sangue e mel pingando de suas bocas.
E magia.
Do remoto Chin e do distante Chu, perto das águas do rio amarelo.
Os pragões caminham, discursando em sábios anacletos,
“Reverencie espíritos, mas mantenha-os à distância”.
Os senhores dos nove céus andam em carruagens de orquídeas;
E a mulher Wu sonha com negros bambuzais;
O senhor do leste acaba de soltar seu manto de arco-íris branco;
A mulher sonha que está numa carruagem de escamas
Flanqueada por grifos,
E no céu, pipas de papel tremulam.
Quando ela acorda, ele se foi.
Por um tempo, ela vagueia de lá para cá.
Ela sonha de novo:
De encontro e despedidas ninguém escapa,
Nem de magia.
Nas terras de oliveiras e louros,
Onde os deuses caminham,
Vemos um soldado urinar junto às suas roupas,
E o galopar de um lobo.
“No coração de cada mistério”.
Sussurra o garoto que nasceu duas vezes, surgindo dos mortos,
“Este é o grão de meu milho e o vinho de meu sangue”.
Drama, videiras e pés de bode acompanham-no pelo mundo.
A Buxa-Raínha tem sempre três faces, que esperam na encruzilhada pelo sacrifício;
Esperam no outro mundo;
Nos arvoredos sagrados,
Na lua.
Ela está debaixo de um rei morto, pendendo de um galho de árvore, e mostrará a você todo tipo de palavras mágicas.
Abracadabra.
Abraxas...
Magia.
(Pintada de ocre, corante, carvão vegetal)
Fazendo o grande alce se mover,
Fazendo o mastodonte respirar,
Fazendo o caçador correr e matar.
Veja como procuram apaziguar e entender o mundo acima
Isto eles sabem:
Isto eles entendem:
Há escuridão por toda parte, lá fora.
O escuro está em toda parte, e embora o sol se levante,
E embora o fogo brote e seja domesticado,
A escuridão está ali.
A escuridão está à espera.
E as coisas na escuridão,
Que sussurram antes de festejar,
Devem ser aplacadas e persuadidas,
Devem ser amadas e pedem sacrifícios,
Devem ser alvo de súplica e desconfiança.
E assim existe a magia.
Um museu de fantasmas.
A ascensão de impérios, efemérides que lampejam e se vão.
No delta do Nilo as areias sussurram
Sobre deuses com faces animais,
Escaravelhos azul-cobalto,
Mulheres de sombras esguias
Caminhando como grandes leões pelas dunas.
Sangue e mel pingando de suas bocas.
E magia.
Do remoto Chin e do distante Chu, perto das águas do rio amarelo.
Os pragões caminham, discursando em sábios anacletos,
“Reverencie espíritos, mas mantenha-os à distância”.
Os senhores dos nove céus andam em carruagens de orquídeas;
E a mulher Wu sonha com negros bambuzais;
O senhor do leste acaba de soltar seu manto de arco-íris branco;
A mulher sonha que está numa carruagem de escamas
Flanqueada por grifos,
E no céu, pipas de papel tremulam.
Quando ela acorda, ele se foi.
Por um tempo, ela vagueia de lá para cá.
Ela sonha de novo:
De encontro e despedidas ninguém escapa,
Nem de magia.
Nas terras de oliveiras e louros,
Onde os deuses caminham,
Vemos um soldado urinar junto às suas roupas,
E o galopar de um lobo.
“No coração de cada mistério”.
Sussurra o garoto que nasceu duas vezes, surgindo dos mortos,
“Este é o grão de meu milho e o vinho de meu sangue”.
Drama, videiras e pés de bode acompanham-no pelo mundo.
A Buxa-Raínha tem sempre três faces, que esperam na encruzilhada pelo sacrifício;
Esperam no outro mundo;
Nos arvoredos sagrados,
Na lua.
Ela está debaixo de um rei morto, pendendo de um galho de árvore, e mostrará a você todo tipo de palavras mágicas.
Abracadabra.
Abraxas...
Magia.
Neil Gaiman
Os Livros da Magia - O Labirinto Invisível
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