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Mostrando postagens de abril, 2008

Abra os Olhos

"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar - se possível - judeus, o gentio ... negros ... brancos. Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades. O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma do homem... levantou no mundo as muralhas do ódio ... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, emperdenidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos be

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Na esperança de realizar seu sonho, José retirou todo dinheiro da poupança. Três anos economizando e o dinheiro não dava nem pro começo. Queria um carro. Estava cansado do transporte público. - Não precisa ser novo não, qualquer “fuquinha” já tá bom. Tomou uma decisão, tinha que fazer o dinheiro crescer rápido, paciência nunca foi seu forte. - Até que esperei demais, agora é tudo ou nada! Afirmava com ar de esperto. Às dez e quinze de uma terça-feira qualquer, José parou em frente à porta do Bingo. Bateu a mão no bolso onde guardava suas economias, estufou o peito e entrou com passo forte. Às doze e quarenta apoiou-se no balcão da padaria e pediu uma pinga. Do seu lado direito próximo ao banheiro, uma máquina caça-níqueis acendia e apagava luzes azuis e vermelhas em um transe hipnótico. Uma e dezoito apostou no bicho. - Macaco. Dorinha, minha filha do meio vive pedindo um de presente, ontem mesmo tocou no assunto. Onde já se viu, olha pra mim com os zóio arregalado e diz: “igual aquele

Um Dia na Cidade

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Mesmo sem querer, ela abre os olhos. Apesar do frio, raios de sol penetram pelas frestas entre as tábuas, juntamente com o vento frio e o barulho ensurdecedor dos carros que passam pela avenida. Ela pensa em levantar da cama, mas percebe que esta no chão e joga para o lado o imenso papelão que servia-lhe de cobertor. Ao colocar a mão sobre o corpo, nota que suas roupas estão úmidas, porém não se preocupa com isso pois, por várias vezes, já acordara molhada por causa da chuva que escorre pelo chão do barracão. Do seu lado outra pessoa ainda dorme, totalmente coberta por um cobertor marrom. Próximo a essa pessoa há uma bolsa jeans suja e, projetando-se para fora da bolsa, ela vê um espelho que deve ter pertencido ao retrovisor de um carro. Sorrateiramente, ela apanha o objeto e olha a sua imagem na superfície espelhada. Todavia, o que sua mente distorcida vê não são as pelancas que caem de seu rosto, ou os dentes que faltam em sua boca, ou os cabelos sebosos e sujos. A imagem que ela vê