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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Excalibur

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(...) E ste foi o maior dos ataques saxões naquele dia, e foi empreendido por uma vaga de lanceiros confiantes que haviam recuperado do último ataque-surpresa e que agora vinham fracionar as nossas linhas para resgatar Aelle. Bramiam os seus cânticos de guerra enquanto se aproximavam, batiam com as lanças nos escudos e prometiam uns aos outros um grande número de mortes britânicas para cada um. Os saxões sabiam que tinham vencido. Eles haviam conseguido o pior que Artur podia fazer-lhes, tinham combatido até nos fazerem paralisar, haviam visto o seu paladino matar um rei e, agora, com as suas tropas refrescadas na dianteira, avançavam para acabar conosco. Os francos retiraram as suas leves lanças de arremesso, preparando-se para fazer cair sobre o nosso escudo defensivo uma chuva de ferros aguçados. Quando, de repente, soou uma trompa vindo de Mynydd Baddon. Primeiramente, poucos fomos os que ouvimos a trompa, tão sonoros eram os gritos e tamanho era o barulho da marcha e dos gemidos d

O Rei do Inverno

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(...) A rtur afastou o capuz do rosto. Andava com passos largos e firmes e eu tinha de me apressar para conseguir acompanhá-lo. - Qual pensa que é o trabalho de um soldado, Derfel? - perguntou-me daquela forma íntima que nos fazia sentir que ele estava mais interessado em nós do que em qualquer outra pessoa do mundo. - Combater em batalhas, meu Senhor - respondi. Ele abanou a cabeça. - Combater em batalhas, Derfel - corrigiu-me - em nome das pessoas que não podem lutar por elas próprias. Aprendi isso na Bretanha. Este mundo miserável está cheio de pessoas fracas, pessoas sem força, pessoas esfomeadas, pessoas tristes, pessoas doentes, pessoas pobres e a coisa mais fácil do mundo é desprezar os fracos, especialmente quando se é soldado. Se for um guerreiro e quiser a filha de um homem, se apodera dela; se quiser a terra desse homem, mata-o. Afinal você é um soldado e tem uma lança e uma espada e ele é apenas um homem fraco e pobre, com uma charrua partida e um boi doente... sim, o que é

A Tartaruga e o Coelho

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A versão japonesa da fábula da tartaruga e do coelho é um tanto quanto diferente daquele da minha infância brasileira. Eu a ouvi há poucos dias do Reverendo Miura, que veio do Japão nos visitar. Conta-se que a tartaruga e o coelho foram apostar uma corrida. O coelho saiu na frente e quando estava no topo de um morro olhou para trás e viu a tartaruga lá longe, tão longe que ele resolveu deitar e dormir. Passo a passo a tartaruga passou pelo coelho adormecido e chegou em primeiro lugar. No Japão essa fábula é ensinada para enfatizar a importância da persistência, paciência, continuidade. No entanto, quando essa história foi contada na Índia houve quem dissesse: “A tartaruga foi má. Sabe por que? Porque ela não acordou o coelho.” São maneiras diferentes de se interpretar a mesma história. Talvez a tartaruga devesse ter parado e verificado se o coelho estava bem antes de continuar caminhando lenta e continuamente. A história do Brasil era diferente. A tartaruga enganava o coelho e chegava

O Problema do Caixeiro Viajante

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I magine uma cena que acontece todos os dias: um vendedor deve percorrer várias cidades e gostaria de saber o caminho mais curto que lhe permita visitar todas. O problema é velho conhecido dos matemáticos e dos cientistas da computação, tão conhecido que é chamado de Problema do Caixeiro-viajante - caixeiros-viajantes eram pessoas que antigamente saíam vendendo badulaques pelas cidadezinhas do interior. O fato é que não existe um algoritmo eficiente para resolver o problema. Mesmo os grandes supercomputadores podem ficar ocupados por dias tentando achar a solução para um número relativamente pequeno de cidades - isto porque ele precisa comparar todas as combinações possíveis de rotas. Circuito neural mínimo Mas a equipe do professor Lars Chittka, da Universidade de Londres, na Inglaterra, descobriu que as abelhas encontram a solução para o problema sem precisar de supercomputadores - e tendo um cérebro pouco maior do que a cabeça de um alfinete. Abelhas não vendem badulaques por aí, ma

As Lições do Filme "O Exorcista"

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Certas coisas nem a ciência nem a tecnologia conseguem explicar. Por Paulo Roberto Elias Em “O Exorcista” William Peter Blatty e William Friedkin usam imagens fortes para debater o confronto de limitações entre fé e ciência, em um filme que até hoje é considerado um dos mais assustadores de todos os tempos. O grande escritor e roteirista William Peter Blatty certa feita entregou ao excêntrico, porém muito competente, diretor de cinema William Friedkin o seu último livro, que seria depois transformado no filme homônimo “O Exorcista”, cujas duas versões (a de cinema e a estendida) foram relançadas recentemente em Blu-Ray. Durante a minha última revisita ao filme foi ainda mais fácil constatar certas coisas. Existem momentos singulares na história do cinema, e este é claramente um deles. A partir de uma estória relativamente banal, baseada num caso de uma alegada possessão demoníaca e posterior exorcismo, relatada aos jornais da época, Blatty montou uma trama simulando um caso semelhante,