Vamos falar sobre sexo?

Prometheus, o prelúdio de Alien - O Oitavo Passageiro que conta a história de uma expedição espacial a bordo da nave que dá nome ao filme, marca não só o retorno de Ridley Scott à franquia e ao gênero da ficção científica depois de 30 anos, como também responde a uma das mais perturbadoras questões que assolam a humanidade: afinal, quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?

Há outras perguntas, claro, como aquela feita pelo escritor Erich von Däniken no livro de 1968 Eram os Deuses Astronautas?, que Scott diz homenagear com o filme. Embora Prometheus aborde as supostas origens extraterrestres da raça humana, porém, é de maternidade, em particular, que trata todo Alien. E este prelúdio, assim como os demais longas da série, reorganiza de um modo menos sutil e mais calculado as metáforas feministas propostas em O Oitavo Passageiro.

Sem Ellen Ripley (que segundo o cânone nasceu na Lua terrestre em 2092, um ano antes da chegada da nave Prometheus à lua LV-223 nos confins do universo), temos agora como protagonistas a cientista Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e a executiva Meredith Vickers (Charlize Theron). A primeira acredita que a humanidade veio de alienígenas e quer conhecê-los, já Meredith busca resultados mais práticos na viagem que a empresa dela, a Weyland, financia com base nos estudos de Elizabeth.

Credulidade e racionalidade opõem as duas, mas como estamos no terreno de Alien há mais diferenças em jogo. Elizabeth diz ser estéril e se ressente de não poder ter filhos, enquanto Meredith se orgulha de seu sexo; quando o piloto negro e forte da Prometheus dá em cima da fria loira, ela só cede na hora em que o homem questiona se ela não seria, na verdade, uma robô. Como em todo Alien, a afirmação pessoal é acima de tudo uma demonstração do sexo - o que consequentemente leva à questão materna e ao velho nó do ovo e da galinha.

O retorno não só de Scott mas também do suiço H.R. Giger, o criador do design do alien original, como consultor em Prometheus rende uma nova leva de símbolos - das cobras fálicas ao "engenheiro" (nome dado ao criador da raça humana) retratado como um ultramacho, com seus músculos definidos - então os desafios às mulheres só aumentam. Estamos em um sci-fi de terror sobre violações e fecundações, afinal, e há uma cota de secreções viscosas a atingir. O 3D valoriza essa variedade de texturas quando as ressalta da tela - não só as gosmas mas também o vapor, o metálico, o terroso - e torna Prometheus mais táctil, mais imersivo.

De resto, convém não esperar nenhum milagre do cinema. Prometheus reproduz o primeiro Alien não só no subtexto, mas também na estrutura, que envolve novamente um contato prometéico com o desconhecido, que então gera um castigo do espaço a ser resolvido com muitos sacrifícios. Descontados os atalhos apressados da narrativa, os diálogos literais e os desencontros de continuidade (Prometheus não se encaixa perfeitamente com a situação em que encontramos o Space Jockey em Alien), o filme tem seus momentos.

A cena do "parto", especialmente, é linda, com a injeção de anestesia paralisando a câmera à altura dos olhos da pessoa deitada, que então assiste ao resultado do seu desafio aos deuses. Nesse sentido, Prometheus, embora tenha toda uma vocação para a megalomania, é muito coerente com outros Alien, que não são mais do que contos de cautela sobre o horror de ser mulher em um universo de homens.

fonte: omelete.uol.com.br/prometheus/cinema/prometheus-critica/

Weyland Industries apresenta o robô David 8:

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