A Criação do Mundo (Mitologia Grego-Romana) Pt.IV - Prometeu Forma o Homem

Japeto representa o antepassado da humanidade. Talvez seja preciso reconhecer, nessa personagem a que Gênesis dá por filho a Noé, Jafé, cujo nome personifica uma das grandes raças primitivas. Era considerado pelos gregos o tipo do que há de mais antigo e associa-se habitualmente a Saturno. Desposara Ásia, filha do Oceano, e teve vários filhos, entre outros Prometeu, Epimeteu e Atlas. O Titã Japeto não desempenha papel na mitologia; a sua importância vem da antigüidade que se lhe atribuía e que lhe dava o mesmo tempo que os mais antigos deuses.
Embora seja o Titã Japeto tido como antepassado da humanidade, parece que é a seu filho Prometeu que devemos a forma particular que nos distingue dos animais. "Prometeu, diz Ovídio, após destemperar um pouco de terra com água, formou o homem à semelhança dos deuses; e enquanto os outros animais têm a cabeça voltada para o chão, somente o homem a ergue para o céu, e olha para o céu." A fabricação do homem por Prometeu está representada em monumentos assaz numerosos, mas que pertencem na sua maioria a uma baixa época.
Em todas as representações antigas, Prometeu aparece como artesão que faz o homem materialmente, mas não como o deus que o anima. Esse papel cabe a Minerva (a Sabedoria divina): vários monumentos nos apresentam nitidamente a parte que cabe a cada um na criação da espécie humana.
As Duas Partes de Prometeu
Prometeu orgulhava-se do seu trabalho; e tendo surgido divergências entre os deuses e os homens primitivos, tomou ele o partido destes. As divergências, das quais Hesíodo não nos diz a causa, eram acertadas em Sicíona: Prometeu, desejando saber se Júpiter era verdadeiramente digno das honras divinas, excogitou um ardil para provar a sua clarividência. "Expôs aos olhos de todos, diz Hesíodo, um enorme boi. De um lado, encerrou na pele as carnes e os melhores pedaços, envolvendo-os com o ventre da vítima; do outro, dispôs com pérfida habilidade os ossos brancos que recobriu de gordura lustrosa. O pai dos deuses e dos homens disse-lhe, então: "Filho de Japeto, ó mais ilustre de todos os reis, amigo, com que desigualdade dividiste as partes!" Prometeu, sorrindo interiormente do ardil, rogou-lhe que escolhesse, e Júpiter, apoderando-se da parte mais pesada, só ali encontrou ossos."
O Fogo Arrebatado aos Homens
Júpiter, furioso por ter sido enganado, quis vingar-se dos homens, dos quais Prometeu é protetor, e roubou-lhes o fogo, sem o qual todo e qualquer trabalho é impossível. Mas Prometeu não se deu por vencido, e conseguiu roubar uma faísca do fogo do céu, que se apressou em levar aos homens. Dessa vez, Júpiter, vendo-se decididamente iludido pelo Titã, não conteve o ressentimento e resolveu punir simultaneamente os homens e o protetor. A grosseria dessa lenda é uma prova de sua grande antigüidade; no entanto, não deu origem a nenhuma representação plástica no período arcaico. Nas narrações dos poetas, o fogo estava contido numa folha e invisível a todos os olhos; pelo contrário, o oleiro mostra a chama a sair de um vasinho que o Titã segura com a mão.
Júpiter diz a Prometeu: "Filho de Japeto, rejubilas-te por haveres roubado o fogo divino e iludido a minha sabedoria; mas esse ato será fatal a ti e aos homens que hão de vir. Para vingar-me, enviar-lhes-ei um funesto presente que os enfeitiçará e fará com que amem o seu próprio flagelo." (Hesíodo).

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