O Poder do Agora

A identificação do leitor com a sua mente cria uma divisão opaca de conceitos, rótulos, imagens, palavras, juízos e definições, que bloqueia todo o relacionamento verdadeiro. Interpõe-se entre o próprio leitor, entre o leitor e o próximo, entre o leitor e a sua natureza, entre o leitor e Deus.
É esta divisória de pensamento que gera a ilusão de afastamento, a ilusão de que há o leitor e um «outro» completamente distinto. Nessa altura, o leitor esquece o fato essencial de que, sob o nível da aparência física e das formas separadas, o leitor é uno com tudo o que existe.
A mente é um instrumento maravilhoso se usado adequadamente. No entanto, quando utilizada de forma errada, torna-se muito destrutiva. Para ser mais preciso, não se trata tanto de o leitor usar a mente de forma errada; em geral, o leitor nem sequer a utiliza. Ela é que o usa a si. É esta a doença. O leitor acredita que é a sua mente. É esse o engano. O instrumento apoderou-se de si.
A liberdade começa com a confirmação de que não se é o «pensador».
No momento em que a pessoa começa a observar o pensador, desperta um nível superior de consciência. Nessa altura, começa a perceber que existe um vasto domínio de inteligência além do pensamento, que este é apenas um ínfimo aspecto dessa inteligência.
A pessoa entende ainda que todas as coisas que realmente importam (a beleza, o amor, a criatividade, a alegria, a paz interior) nascem de além da mente. A pessoa começa a despertar.”

“O INÍCIO DA LIBERDADE é a percepção de que o leitor não é a entidade que possui – o pensador. Sabê-lo permite-lhe observar a entidade. Na altura em que o leitor começar a observar o pensador, desperta um nível superior de consciência.”

"Nada seria sem espaço e, no entanto, o espaço nada é. Antes do universo ter entrado em existência, antes do "big-bang" se preferires, não havia um vasto espaço vazio à espera de ser preenchido. Havia apenas o Não-Manifesto - o Um. Quando o Um se tornou nas "dez mil coisas", foi como se de repente o espaço estivesse ali e permitisse que a multiplicidade fosse. De onde veio o espaço? Terá sido criado por Deus para acomodar o Universo? É claro que não. O espaço é coisa nenhuma, portanto, nunca foi criado.
Sai para a rua numa noite límpida e olha para o céu. Os milhares de estrelas que podes enxergar a olho nu não passam de uma simples fração centesimal do que existe nele. Mil milhões de galáxias já podem ser detectadas por meio dos mais poderosos telescópios, cada galáxia é um "universo ilha" contendo milhares de milhões de estrelas. E, no entanto, o que é ainda mais assombroso é a infinidade do próprio espaço, a profundidade e a quietude que permite que toda essa magnificência seja. Nada é mais assombroso e majestoso do que a vastidão e a quietude inconcebível do espaço e, no entanto, o que é ele? Vacuidade, vasta vacuidade.
O que nos aparece como espaço no nosso Universo percebido através da mente e dos sentidos é o próprio Não-Manifesto exteriorizado. É o "corpo" de Deus. E o maior milagre é este: essa quietude e vastidão que permite ao Universo ser não está apenas lá fora no espaço - está também dentro de ti."

"A maior parte da dor humana é desnecessária. Cria-se a si própria enquanto for a mente inobservada a dirigir a vida. A dor que tu criares agora será sempre uma certa forma de não aceitação, uma certa forma de resistência inconsciente àquilo que é. Ao nível emocional, é uma certa forma de negatividade. A intensidade da dor depende do grau de resistência ao momento presente, e esta por seu lado depende de quão fortemente estiveres identificado com a tua mente. A mente procura sempre recusar o Agora e escapar dele. Por outras palavras, quando mais identificado estiveres com a tua mente, mais sofrerás. Ou poderás colocar a questão deste modo: quando mais honrares e aceitares o Agora, mais livre estarás da dor, do sofrimento - e livre da mente egoística.
Porque é que a mente recusa ou resiste habitualmente ao Agora? Porque ela não consegue nem funcionar nem ficar no comando sem tempo, que é passado e futuro, e por conseguinte para ela o Agora representa uma ameaça. De fato, o tempo e a mente são inseparáveis. (...) A mente para garantir que continua no comando, procura constantemente a encobrir o momento presente com o passado e o futuro e, assim, ao mesmo tempo que a vitalidade e o infinito potencial criativo do Ser, que é inseparável do Agora, começam a ficar pelo tempo, também a tua verdadeira natureza começa a ficar encoberta pela mente.
Um fardo de tempo, cada vez mais pesado, tem vindo a acumular-se na mente humana. Todos os indivíduos sofrem sob esse fardo, mas também continuam a somar-lhe todos os momentos, sempre que ignoram ou recusam esse precioso Agora ou o reduzem a um meio para alcançarem um determinado momento futuro, o qual só existe na mente e nunca na atualidade. A acumulação de tempo na mente humana, coletiva e individual, contém igualmente uma enorme quantidade de dor residual que vem do passado."

excertos de "O Poder do Agora" e "A Prática do Poder do Agora" de Eckhart Tolle

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