Déjà vu

Déjà vu é uma expressão de origem francesa, que significa "já visto", mas possui muitas variações. O fenômeno começou a ser estudado no final do século XIX pelo cientista francês Emile Boirac.

O fenômeno é facilmente confundido com experiências precognitivas, aquelas onde você tem a sensação de saber exatamente o que vai acontecer e em seguida a situação acontece. Um déjà vu é experimentado durante o evento e não antes dele.

Alucinações causadas por drogas trazem um aumento de sensibilidade e são confundidas com déjà vu. Memórias irreais geradas pela esquizofrenia podem também ser confundidas com déjà vu. Diferentemente dos verdadeiros déjà vu, que duram de 10 a 30 segundos, essas memórias falsas podem durar muito mais tempo.

Há dois tipos de déjà vu:

Associativo: É o tipo mais comum de déjà vu, vivenciado por pessoas normais e saudáveis.Vemos, ouvimos, cheiramos ou experimentamos algo que desperta uma sensação que associamos com algo já vivenciado antes. Cientistas acham que esse tipo de déjà vu é uma experiência baseada na memória e que os centros de memória do cérebro são responsáveis por ele.

Biológico: Pessoas com epilepsia do lobo temporal costumam experimentar, um pouco antes de ter um ataque, uma forte sensação de déjà vu. Isso tem dado aos cientistas mais confiabilidade para estudar o déjà vu e eles têm sido capazes de identificar as áreas do cérebro onde esses tipos de sinais de déjà vu se originam. Entretanto, alguns cientistass acreditam que esse tipo de déjà vu é diferente do déjà vu associativo. A pessoa que o experimenta pode acreditar que já passou exatamente por aquela situação, ao invés de ter apenas uma breve sensação do fato.

O déjà vu ocorre em distúrbios psiquiátricos importantes como a ansiedade, depressão, distúrbios dissociativos e esquizofrenia.

O déjà vu é muito complicado de se estudar porque ocorre muito rapidamente, sem aviso e apenas em algumas pessoas, além de não apresentar manifestações ou sintomas externo. Por esse motivo, há poucas pesquisas confiáveis e nenhuma teoria comprovada. Os dados para os estudos de déjà vu dependem de descrições pessoais e lembranças.

Muitos pesquisadores ignoraram o déjà vu completamente devido à sua freqünte associação com experiências de vidas passadas, persepção extra-sensorial ou abduções alienígenas. Essas associações deixaram o estudo do déjà vu um pouco estigmatizado. Recentemente, os cientistas abandonaram algumas dessas associações e começaram a colocar a tecnologia de imagens cerebrais a seu serviço. Colocando o estudo do déjà vu dentro do estudo da memória, eles esperam descobrir mais sobre como as memórias são formadas, armazenadas e recuperadas.

Eles já determinaram que o lobo temporal médio está envolvido na nossa memória consciente. Dentro do lobo temporal médio há o giro parahipocampal, o rinencéfalo e a amígdala. John D.E. Gabrieli, da Stanford University, descobriu em 1997 que o hipocampo nos possibilita recordar os eventos conscientemente. Ele também descobriu que o giro parahipocampal nos possibilita determinar o que é familiar e o que não é (e isso sem acessar uma memória específica para o fato).

Como já foi dito, cerca de 70% das pessoas afirmaram que já tiveram déjà vu, mas ocorrências são mais altas em jovens entre 15 e 25 anos de idade. A idade superior varia entre os pesquisadores, mas a maioria concorda que as experiências de déjà vu diminuem com a idade. Há também relatos de maior ocorrência entre aqueles com renda mais alta, que viajam mais e com alto nível educacional. A imaginação ativa e a habilidade de recordar sonhos também têm sido algo comum entre pessoas que relatam experiências de déjà vu.

Alguns cientistas também relataram que quanto mais cansada ou estressada está a pessoa, maior a probabilidade de experimentar um déjà vu. Outros pesquisadores, contudo, descobriram exatamente o oposto. Eles relataram que quanto mais descansado e relaxado você está, maior a probabilidade de ter um déjà vu. Obviamente, ainda não se chegou a um acordo sobre muitas situações relacionadas ao déjà vu.

Uma descoberta relatada é que a pessoa que tem a mente mais aberta ou é politicamente mais liberal, tem maior possibilidade de experimentar um déjà vu. Contudo, isso também significa que quanto mais mente-aberta você é, mais provavelmente você falará de alguma coisa que possa ser encarada como "estranha", por exemplo, o déjà vu.

Teorias:


1. Atenção dividida

O Dr. Alan Brown vem tentando recriar um processo que ele acha ser similar ao déjà vu. Em estudos na Duke University e SMU, ele e a colega Elizabeth Marsh testaram a ideia da sugestão subliminar.

Os pesquisadores mostraram fotografias de vários lugares a um grupo de jovens, planejando perguntar a eles quais locais lhe eram familiares. Mas antes de mostrar aos jovens algumas das fotografias, eles projetaram instantaneamente as fotos em uma tela a velocidades subliminares (cerca de 10 a 20 milisegundos), tempo suficiente para o cérebro registrar a foto mas não suficiente para o aluno percebê-la conscientemente.

Nessas experiências, as imagens que tinham sido mostradas subliminarmente foram apontadas como sendo familiares em uma proporção muito maior do que as que não tinham sido mostradas, embora os estudantes que realmente estiveram naqueles locais tenham sido tirados do estudo. Larry Jacoby e Kevin Whitehouse, da Universidade de Washington, fizeram estudos similares usando listas de palavras e tiveram resultados parecidos.

Com base nessa idéia, Alan Brown propôs o que ele chamou de teoria do telefone celular (ou atenção dividida). Isso significa que, quando estamos distraídos com alguma outra coisa, captamos subliminarmente o que está ao nosso redor mas não registramos de modo consciente. Então, quando somos capazes de nos concentrar no que estamos fazendo, esses ambientes periféricos dão a sensação de já serem familiares para nós, mesmo quando não deveriam ser.

Com isso em mente, é lógico entender como podemos andar por uma casa pela primeira vez, talvez ao conversar com o dono da casa e ter um déjà vu. Poderia funcionar mais ou menos assim: antes de realmente olharmos para o local, nosso cérebro já o processou visualmente e/ou através do odor ou som, de modo que, quando realmente olhamos para ele temos a sensação de que já estivemos lá antes.

2. A teoria do holograma

O psiquiatra holandês Hermon Sno propôs a ideia de que as memórias são como hologramas, significando que você pode recriar a imagem tridimensional inteira a partir de qualquer fragmento do todo. Contudo, quanto menor o fragmento, mais confuso o quadro final. O déjà vu, segundo ele, acontece quando algum detalhe do ambiente onde estamos no momento (uma vista, som, odor, etc.) é similar a algum resquício de memória do nosso passado e o cérebro recria uma cena inteira a partir desse fragmento.

Outros pesquisadores também concordam que um pequeno fragmento de familiaridade pode estar semeado, criando a sensação de déjà vu. Por exemplo, você sai para dar uma volta com um amigo em um carro antigo ano 1964 e tem uma forte sensação de déjà vu, mas não chega a lembrar (ou nem mesmo está ciente do fato) que seu avô tinha o mesmo tipo de carro, e você está lembrando de quando andou nesse carro quando era bem pequeno. O cheiro, a aparência e a textura do assento ou do painel podem trazer de volta memórias que você nem sabia que existiam.

3. Processamento duplo (ou visão atrasada)

Outra teoria baseia-se no modo como nosso cérebro processa as informações novas e como ele as armazena em memórias de longo e curto prazo. Robert Efron testou uma ideia no Veterans Hospital de Boston, em 1963, que se mantém como uma teoria válida atualmente. Ele propôs que uma resposta neurológica atrasada causa o déjà vu. Como a informação entra nos centros de processamento do cérebro através de mais de uma via, é possível que ocasionalmente essa mistura de informações não ocorra em total sincronia.

Efron descobriu que o lobo temporal do hemisfério esquerdo do cérebro é responsável por classificar as informações que chegam. Ele descobriu também que o lobo temporal recebe duplicadas essas informações, que chegam com um leve atraso (de milissegundos) entre elas: a primeira vem diretamente e a outra passa primeiro pelo hemisfério direito do cérebro. Se essa segunda transmissão tem um atraso um pouco maior, o cérebro pode classificar de modo errado essa parte da informação e fazer seu registro como sendo uma memória passada, porque ela já foi processada. Isso poderia explicar o súbito senso de familiaridade.

4. "Memórias" de outras fontes

Essa teoria propõe que temos muitas memórias armazenadas que vem de diferentes aspectos da nossa vida, incluindo não apenas nossas próprias experiências mas também filmes e quadros que vimos, assim como livros que lemos. Podemos ter memórias muito fortes de fatos sobre os quais lemos ou vimos sem que realmente os tenhamos experimentado, e com o tempo essas memórias podem ser empurradas para o fundo da nossa mente. Quando vemos ou experimentamos algo muito similar a uma dessas memórias, podemos experimentar uma sensação de déjà vu.

Por exemplo, quando era criança você pode ter visto um filme com uma cena em um restaurante ou ponto turístico famoso. Então, quando você já adulto visita o mesmo local, sem lembrar-se do filme, o local parece ser muito familiar.

5. Sonhos precognitivos

Alguns pesquisadores acreditam que os sonhos precognitivos são a fonte de muitas experiências de déjà vu. J.W. Dunne, um engenheiro da aeronáutica que projetava aviões na Segunda Guerra Mundial, conduziu estudos em 1939 usando estudantes da Universidade de Oxford. Seus estudos descobriram que 12,7% dos temas dos sonhos tinham similaridades com eventos futuros. Estudos recentes, incluindo um realizado por Nancy Sondow, em 1988, apresentaram resultados similares de 10%.

Esses pesquisadores também juntaram evidências de sonhos precognitivos às experiências de déjà vu que ocorreram em algum ponto a partir daquele dia até oito anos depois. Tem-se perguntado por que as experiências propriamente ditas são normalmente de acontecimentos cotidianos banais. Uma explicação de Funkhouser é que algo mais marcante tem maior probabilidade de ser lembrado, tornando menos provável uma experiência de déjà vu.


Embora o déjà vu venha sendo estudado como fenômeno por mais de 100 anos e os pesquisadores tenham proposto várias teorias sobre sua causa, não há uma explicação simples para o que ele significa ou por que acontece. Talvez, à medida que a tecnologia avança e aprendemos mais sobre o funcionamento do cérebro, também aprendamos mais sobre por que experimentamos esse estranho fenômeno.

fonte: www.misteriosdomundo.com | pessoas.hsw.uol.com.br/deja-vu2.htm

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