Você sabe o que é Fosfina?


Na Terra, a substância só é produzida pela atividade de bactérias anaeróbicas, e ela já vinha sendo considerada como uma possível "assinatura" de atividade biológica.

Em Setembro de 2020, Cientistas da Sociedade Astronômica Real no Reino Unido detectaram, de forma "inequívoca", a presença de moléculas de Fosfina (PH3) na atmosfera de Vênus. Segundo os pesquisadores, há apenas duas possibilidades para explicar a quantidade de fosfina encontrada: um processo químico completamente desconhecido pela ciência atual, ou a presença de organismos vivos.

...

Agora a parte legal: Vejam o que Carl Sagan escreveu em seu livro Cosmos, 40 anos atrás:

“Vênus tem quase a mesma massa, tamanho e densidade que a Terra. Como planeta mais próximo, tem sido por séculos visto como a irmã da Terra. Como será realmente a nossa irmã? Será perfumada, quente, um pouco mais cálida do que a Terra por estar um pouco mais próxima do Sol? Terá crateras de impacto, ou todas já terão sofrido erosão? Haverá vulcões? Montanhas? Oceanos? Vida?

A primeira pessoa a olhar para Vênus através do telescópio foi Galileu em 1609. Viu um disco sem feições características. Galileu notou que atravessava fases, como a Lua, de um tênue crescente a um disco cheio, e pela mesma razão: algumas vezes estamos olhando principalmente para o lado noturno de Vênus, e outras para o lado diurno, uma descoberta que reforçou, incidentalmente, a ideia de que a Terra gira em torno do Sol e não vice-versa. À medida que o telescópio óptico se aperfeiçoou e sua resolução (ou capacidade para determinar os menores detalhes) aumentou, eles se voltaram sistematicamente para Vênus. Mas não fizeram melhor do que Galileu. Vênus era evidentemente coberta por uma densa camada de nuvens que a obscurecia. Quando olhamos para o planeta pela manhã ou ao entardecer, vemos a luz solar refletida nas suas nuvens. Por séculos após a sua descoberta, a composição destas nuvens permaneceu inteiramente desconhecida. A ausência de algo visível em Vênus levou alguns cientistas à curiosa conclusão de que a sua superfície era um pântano, como a Terra no Período Carbonífero. O argumento — se pudermos usar esta palavra — foi mais ou menos este:

— Não posso ver nada em Vênus.

— Por que não?

— Porque é totalmente coberto de nuvens.

— De que são formadas?

— De água, naturalmente.

— Então por que as nuvens de Vênus são mais espessas do que as da Terra?

— Porque há mais água lá.

— Mas, se há mais água nas nuvens, deve haver mais água na superfície. Em que tipo de superfície há muita água?

— Nos pântanos.

E se há pântanos, por que não cicadáceas, libélulas e talvez até dinossauros em Vênus? Observação: não há absolutamente nada visível em Vênus. Conclusão: deve ser coberto de vida. As nuvens amorfas refletem nossas próprias predisposições. Estamos vivos e admitimos a ideia da vida em outros locais. Mas somente o acúmulo e coleta cuidadosos de evidências podem-nos dizer se um determinado mundo é habitado. Vênus não força nossas predisposições”.

Carl Sagan, Cosmos, cap. 4 - Céu e Inferno, pág. 91-92.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Valor de Pi

Mitologia Tupi-Guarani

Como a proporção áurea, ou os números de Fibonacci, se expressam na natureza?